sábado, 5 de fevereiro de 2011

Interior

Por detrás de atos pecualiares, e, interessante, que rotineiros, há revelações de valores de grande profundeza, apesar de não nos darmos, em muito, conta disto. Processos inconscientes manifestos em plena consciência sem que percebamos, e possamos aproveitá-los completamente. Do inconsciente para o inconsciente, por meio de nós em apta ação cônscia, pouco percebendo. Um presente dele para ele, com o uso de outrem, a ferramenta-chave do processo: o ser em que habita, o próprio ser pensante.Quais seriam as representações reais destes atos, cá me pego a pensar. Que seriam elas para eu mesmo, e para o meu eu desconhecido.

O cômodo silenciador, um banho duradouro: a água quente tocando a pele sensível, o toque no próprio corpo, o sentir de si mesmo, em matéria, o esfregar dos cabelos, a suavidade da espuma que escorre, a umidade que se pronuncia: a redescoberta contínua das próprias percepções, o limite material da personalidade.
Roupas leves, um ambiente neutro de sensações enérgicas, estimuladoras. Apenas ruídos ásperos do atrito, os objetos que se tocam, lá, inanimados, ordenados conforme a própria vontade. Toda a simplicidade - assim julgada por si mesmo, já que relativa à constituição de cada um - representando a interiorização, a desconexão progressiva de tudo fora da auto-limitação.
A taça translúcida, agora tingida pelo vinho. Um alongamento corporal, os músculos irradiando as aferências, que, agora, devem-se esvair do contexto. O contexto é de retração, físico-psicologicamente interior. O contexto é o auto-lirismo, a auto-valorização, o auto-aproveitamento.
A pele que delimita, as cores que brilham nos olhos, o rumor que abala os ouvidos, o sabor que toca a língua. O teor que abafa as reverberações mentais de um poço interno de emoções retidas.
Ribeirão Preto/SP, 22:13;

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