O cômodo silenciador, um banho duradouro: a água quente tocando a pele sensível, o toque no próprio corpo, o sentir de si mesmo, em matéria, o esfregar dos cabelos, a suavidade da espuma que escorre, a umidade que se pronuncia: a redescoberta contínua das próprias percepções, o limite material da personalidade.
Roupas leves, um ambiente neutro de sensações enérgicas, estimuladoras. Apenas ruídos ásperos do atrito, os objetos que se tocam, lá, inanimados, ordenados conforme a própria vontade. Toda a simplicidade - assim julgada por si mesmo, já que relativa à constituição de cada um - representando a interiorização, a desconexão progressiva de tudo fora da auto-limitação.
A taça translúcida, agora tingida pelo vinho. Um alongamento corporal, os músculos irradiando as aferências, que, agora, devem-se esvair do contexto. O contexto é de retração, físico-psicologicamente interior. O contexto é o auto-lirismo, a auto-valorização, o auto-aproveitamento.
A pele que delimita, as cores que brilham nos olhos, o rumor que abala os ouvidos, o sabor que toca a língua. O teor que abafa as reverberações mentais de um poço interno de emoções retidas.
Ribeirão Preto/SP, 22:13;
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