Enfim, foi um grande método para adiar meus grandes empecilhos psicológicos. Não serei ingrato, confesso que cresci em demasia, em especial com meus conhecimentos médicos, não foram horas e horas diárias jogadas no lixo, não foram, não. Consegui, sim, crescer profissionalmente. Profissionalmente, e só.
Acordo agora na vida para qual lutei durante um ano, na cidade nova, na residência, perto de meus amigos; acordo vazio, sem satisfação, pois acordo todos os dias sem objetivo, sem uma expectativa ilusória de melhora, sem um meio obsessivo de me enganar completamente.
A realidade me bate na cara todos os dias, e é esta, nua, crua, amarga, rançosa.
Terei de arranjar mais alguma baboseira com que me alimentar, porque eu não me agüento. Haverá paradeiro aqui dentro? Com a nova vida, e a nova crise que se me aparece, foi-se meu namoro, minha motivação, meu humor, meu não desejo de ebriedade. Pergunto-me se conseguirei focar a vida no profissional, e me tornar um daqueles velhos que vejo na universidade todos os dias, me enchendo de merda a cabeça, tão bitolados quanto qualquer outro, em suas vulvas, seus exames, suas contas bancárias, suas hierarquias suas porcarias particulares; porém me enoja este fado. Quero fazer de meu fado outro, mais leve, menos material, menos bitolado. Mas não consigo, atualmente, fugir da mentalidade de que meu rastro já está pronto a jusante, construído em concomitante com minha personalidade perturbada, que eu ainda hei de conseguir desvendar(forças sobrenaturais pra conseguir acreditar nesta porra toda).
"Haverá paradeiro
para o nosso desejo,
dentro ou fora de um vício?
Uns preferem dinheiro,
outros querem um passeio
perto do precipício
Haverá paraíso,
sem perder o juízo e sem morrer?"
São Paulo/Sp, 17:13;